A conversa foi muito tensa, porque eles cobraram do lutador uma mudança de postura. Lia insistiu para que Dourado se abrisse e falasse mais, fazendo brincadeiras mais suaves com os outros. Ele, finalmente, conseguiu falar sobre como se sente.
- É um instinto meu.
Quando eu me sinto ameaçado, eu mostro as garras, e isso aqui é um isolamento. Se eu não tivesse imunidade, pediria pra galera votar em mim. Tá muito difícil, eu não consigo querer agradar aos outros. Lá fora, se eu não agrado, viro as costas, vou embora. Já quebrei braço, já desmaiei em luta, porque eu não sei desistir.
Nesse ponto, o lutador começou a chorar muito. Mas continuou a falar.
- Desculpa, eu estou assustado. Eu me vejo numa situação que demorei tanto tempo para superar. Eu não sei o que estou fazendo de mal para vocês. Vocês têm outra pegada, eu não consigo me adaptar. Sou quieto, sou tímido. Não sou uma má pessoa. Mas agradeço vocês terem vindo conversar. Falarem comigo aqui já é difícil, mas vocês vieram falar e conversaram.
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